As ISTs podem surgir em qualquer
pessoa, de todas as idades, desde que tenha iniciado a sua vida sexual. Estas
infeções ocorrem quando existe uma relação sexual (vaginal, anal ou oral) em
que um dos elementos do casal está infetado e não são utilizadas medidas de
prevenção dessa transmissão, isto é, quando não é utilizado o preservativo.
Apesar do sexo não protegido ser o principal
fator de risco para as ISTs, a fase da adolescência (por ser um período da vida
em que há a descoberta da vida sexual e, muitas vezes, comportamentos de maior
risco), ter múltiplos parceiros sexuais, e ter consumos exagerados de álcool e
drogas são outros fatores de risco bem conhecidos.
Nas adolescentes com vida sexual
ativa, muitas vezes a sua maior preocupação é a ocorrência de uma gravidez não
desejada. No entanto, é importante ter a noção que as ISTs são mais frequentes e
que podem estar associadas a complicações graves para a saúde atual e futura.
Apesar de algumas ISTs poderem
dar sintomas imediatos (corrimento vaginal com côr e/ou cheiro diferente, dor
pélvica ou dor a urinar), estas infeções podem ser totalmente assintomáticas
durante semanas ou até mesmo anos após a infeção. O facto de serem
assintomáticas faz com que a pessoa não saiba que tem a infeção e por isso
possa infetar várias outras pessoas ao longo do tempo. Por outro lado, se a
pessoa não sabe que tem a infeção, não procura o médico e não faz o tratamento
adequado/curativo, o que nos leva a uma das principais preocupações relativas às
ISTs e que é o impacto a longo prazo que estas infeções podem ter na saúde.
Dependendo do microrganismo que
causa a infeção, o impacto das ISTs não
tratadas pode ser diferente: a infeção prolongada pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV) está associada a maior risco de ter cancro do colo do útero; Por outro
lado, a infeção por Chlamydia e Neisseria
pode causar doença inflamatória pélvica
( uma infeção do útero, trompas e ovários) que pode provocar alterações nestes
órgãos e levar à ocorrência de dor
pélvica crónica (contribuindo para uma diminuição da qualidade de vida), infertilidade ( dificuldade ou
impossibilidade de engravidar no futuro) e gravidez
ectópica (gravidez fora do útero); A infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) é uma infeção crónica (não
existe cura), que exige a toma diária de medicação e que aumenta o risco de vir a ter várias complicações de
saúde. A Sífilis é uma infeção
com diferentes fases de evolução, associada a diferentes sinais e sintomas e
que pode ter consequências muito graves para a saúde da mulher. Se a infeção
por qualquer um destes microrganismos ocorrer durante a gravidez, também pode
causar complicações na gravidez ou no bebé.
A principal arma que temos contra
as ISTs é a prevenção através da utilização
do preservativo. No entanto, o rastreio
destas infeções, que pode ser realizado de forma fácil, anónima e gratuita em
qualquer consulta de Adolescentes, é a única forma de diagnosticarmos e tratarmos
precocemente estas infeções, evitando as suas consequências.
Dra Ana Marujo
Centro Hospitalar Lisboa Central - Maternidade Alfredo da Costa