sexta-feira, 1 de março de 2019

Infeções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Qual o seu impacto?




As ISTs podem surgir em qualquer pessoa, de todas as idades, desde que tenha iniciado a sua vida sexual. Estas infeções ocorrem quando existe uma relação sexual (vaginal, anal ou oral) em que um dos elementos do casal está infetado e não são utilizadas medidas de prevenção dessa transmissão, isto é, quando não é utilizado o preservativo.  

Apesar do sexo não protegido ser o principal fator de risco para as ISTs, a fase da adolescência (por ser um período da vida em que há a descoberta da vida sexual e, muitas vezes, comportamentos de maior risco), ter múltiplos parceiros sexuais, e ter consumos exagerados de álcool e drogas são outros fatores de risco bem conhecidos.

Nas adolescentes com vida sexual ativa, muitas vezes a sua maior preocupação é a ocorrência de uma gravidez não desejada. No entanto, é importante ter a noção que as ISTs são mais frequentes e que podem estar associadas a complicações graves para a saúde atual e futura.  

Apesar de algumas ISTs poderem dar sintomas imediatos (corrimento vaginal com côr e/ou cheiro diferente, dor pélvica ou dor a urinar), estas infeções podem ser totalmente assintomáticas durante semanas ou até mesmo anos após a infeção. O facto de serem assintomáticas faz com que a pessoa não saiba que tem a infeção e por isso possa infetar várias outras pessoas ao longo do tempo. Por outro lado, se a pessoa não sabe que tem a infeção, não procura o médico e não faz o tratamento adequado/curativo, o que nos leva a uma das principais preocupações relativas às ISTs e que é o impacto a longo prazo que estas infeções podem ter na saúde.

Dependendo do microrganismo que causa a infeção, o impacto das ISTs não tratadas pode ser diferente: a infeção prolongada pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV) está associada a maior risco de ter cancro do colo do útero; Por outro lado, a infeção por Chlamydia e Neisseria pode causar doença inflamatória pélvica ( uma infeção do útero, trompas e ovários) que pode provocar alterações nestes órgãos e levar à ocorrência de dor pélvica crónica (contribuindo para uma diminuição da qualidade de vida), infertilidade ( dificuldade ou impossibilidade de engravidar no futuro) e gravidez ectópica (gravidez fora do útero); A infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) é uma infeção crónica (não existe cura), que exige a toma diária de medicação e que aumenta o risco de vir a ter várias complicações de saúde. A Sífilis é uma infeção com diferentes fases de evolução, associada a diferentes sinais e sintomas e que pode ter consequências muito graves para a saúde da mulher. Se a infeção por qualquer um destes microrganismos ocorrer durante a gravidez, também pode causar complicações na gravidez ou no bebé.

A principal arma que temos contra as ISTs é a prevenção através da utilização do preservativo. No entanto, o rastreio destas infeções, que pode ser realizado de forma fácil, anónima e gratuita em qualquer consulta de Adolescentes, é a única forma de diagnosticarmos e tratarmos precocemente estas infeções, evitando as suas consequências.


Dra Ana Marujo
Centro Hospitalar Lisboa Central - Maternidade Alfredo da Costa