E para 2021? Que temas querem ver abordados?
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A vulva é o conjunto dos órgãos sexuais femininos externos, que inclui o monte púbico, os grandes e pequenos lábios, o clitóris, a abertura das vagina, entre outras estruturas anatomicamente mais específicas.
A vagina é o órgão sexual em forma de canal que se estende da vulva ao colo do útero.
Ambas são partes do corpo que
estão expostas ao contato direto aquando da atividade sexual, mas nem todas as
infeções da vulva e vagina são transmitidas por esta via.
De seguida apresentamos as infeções vulvovaginais mais frequentes, com algumas informações que podem ser úteis.
- Herpes genital: é causado pelo
herpes vírus, se transmite por via sexual. Causa úlceras na região vulvovaginal
e períneo, normalmente com dor ou ardor e os gânglios da região das virilhas
estão aumentados e dolorosos. Depois de uma infeção primária (1ª infeção)
podem surgir infeções subsequentes (recorrentes), normalmente com menos queixas
do que na infeção primária. A resolução da infeção varia entre 1 a 3 semanas,
mas é sempre importante recorrer a um médico para que possam ser prescritos
antivíricos eficazes após o diagnóstico. Como cuidados gerais: vestir roupa larga
de algodão, urinar para um bidé com água morna ou usar medicamentos locais ou orais para
a dor pode ser bastante útil.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
- Sífilis primária: é causada
pela bactéria treponema pallidum, que se transmite por via sexual. Causa
úlceras na região vulvovaginal, normalmente com lesão única e sem dor. Os
gânglios da região das virilhas estão normalmente também aumentados, mas
habitualmente indolores. A cicatrização das lesões pode resolver espontaneamente
até 2 meses, mas o tratamento adequado é feito com Penicilina, ou outros
antibióticos em caso de alergia. É muito importante um diagnóstico e
tratamento atempados, para evitar complicações futuras da Sífilis.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
- Vaginose bacteriana: é causada
por um conjunto de bactérias que substituem a flora vaginal normal e não é transmitida
por via sexual. Existe normalmente um corrimento vaginal branco-acinzentado com
mau cheiro, ainda que em 50% dos casos as mulheres possam não
ter sintomas. O tratamento é feito em mulheres sintomáticas e em mulheres sem
sintomas mas que irão ser submetidas a procedimentos ginecológicos. É utilizado
antibiótico (oral ou vaginal) ou comprimidos vaginais de Cloreto de dequalínio.
Não é preciso o tratamento do
parceiro.
- Candidíase: é causada por fungos
(90% dos casos Candida albicans) e não se transmite por via sexual.
Existe normalmente um corrimento branco espesso e grumoso, tipo requeijão, sem
cheiro. Pode existir ainda uma sensação de “inflamação” da vulva e vagina, com inchaço
dos lábios vulvares, com tonalidade avermelhada e fissuras. O tratamento é feito em
mulheres com sintomas com antifúngicos (oral ou vaginal).
O tratamento do parceiro só é
necessário se este tiver sintomas.
- Tricomoníase: é causada pelo
protozoário Trichomonas vaginalis, que se transmite por via sexual. Existe
normalmente um corrimento acinzentado arejado (com bolhas) ou
amarelo-esverdeado, podendo também haver sinais de irritação vulvovaginal com comichão,
vermelhidão e ardor ao urinar. O tratamento é feito em mulheres com sintomas,
utilizando-se antibiótico (oral) ou alguns antifúngicos.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
- Infeção por Chlamydia
trachomatis: a Chlamydia é uma bactéria que se transmite por via
sexual. Esta causa inflamação do trato genital e urinário (colo do útero e
uretra), podendo existir dor intensa ao urinar e corrimento vaginal amarelado ou
com pus. A maioria das mulheres, ainda assim, não tem qualquer sintoma. Tratar
esta infeção, mesmo em mulheres sem sintomas, é muito importante para evitar
doença inflamatória pélvica e complicações futuras. Esta é muitas vezes uma infeção
silenciosa e perigosa, porque se não for tratada pode ter consequências ginecológicas
graves no futuro. O tratamento é feito com antibiótico.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
-
Infeção por Neisseria gonorrhoeae: a Neisseria é uma bactéria que se transmite
por via sexual. Existe infeção dupla com a Chlamydia
trachomatis em 35 a 50% dos casos. Tal como na infeção por Chlamydia,
esta causa inflamação do trato genital e urinário (colo do útero e uretra),
podendo existir dor intensa ao urinar e corrimento vaginal ou uretral amarelado
ou com pus. Neste caso, apenas 10-25% dos casos não tem sintomas. Tratar todas
as mulheres infetadas é muito importante, pois aqui existe também o
risco de doença inflamatória pélvica e consequências ginecológicas futuras em
mulheres não tratadas. . O tratamento é feito com antibióticos.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
A não
esquecer:
Recorrer
a um médico ginecologista em casos de suspeita de infeção vulvovaginal é muito
importante para um diagnóstico e tratamento eficaz.
Nem
todas as infeções vulvovaginais se transmitem por via sexual.
Nos
casos em que a via de transmissão é sexual, o uso de preservativo continua a
ser a forma mais eficaz de evitar a infeção: é fácil, barato e está ao
alcance de todos.
Sexualidade
segura = sexualidade saudável!
Tânia Ascensão
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
A idade recomendada para a primeira consulta de Ginecologia deve situar-se entre os 13 e os 15 anos, altura em que se manifestam as primeiras alterações da puberdade.
As mamas iniciam o seu desenvolvimento (telarca), seguindo-se o aparecimento dos pêlos púbicos e axilares, o início da menstruação (menarca) e o desenvolvimento dos órgãos sexuais. Todas estas alterações podem gerar uma grande confusão e ansiedade nas jovens adolescentes, sendo o médico, e em particular o Ginecologista, a pessoa indicada para te ajudar.
A grande maioria das jovens tem imensas dúvidas e receios antes da primeira ida ao Ginecologista. Questões como “O que me vão fazer?”, “Será que vai doer?” e “Será que os meus pais também vão estar presentes na consulta?” são bastante frequentes. Vamos então esclarecer melhor estes conceitos!
A presença ou ausência dos pais durante a consulta depende muito da tua vontade. Algumas jovens preferem ir acompanhadas pelos pais para se sentirem mais seguras e tranquilas, enquanto outras preferem ir sozinhas para estar mais à vontade. O importante é que te sintas confortável e que se possa gerar um ambiente de confiança e confidencialidade entre ti e o médico.
Durante a primeira consulta, o Ginecologista vai querer conversar contigo e fazer-te algumas perguntas para se conhecerem melhor. Existem alguns temas que são frequentemente abordados nesta consulta, tais como:
- Problemas de saúde conhecidos e acompanhamento médico;
- Hábitos alimentares e de exercício físico;
- Consumo de álcool, tabaco ou drogas;
- Mudanças físicas e psicológicas na adolescência e adaptação às mesmas;
- Autoimagem e autoestima;
- Cuidados de higiene íntima;
- Características da menstruação;
- Sexualidade e contraceção;
- Comportamentos de risco e medidas de prevenção de infeções sexualmente transmissíveis (IST) ou gravidez indesejada.
De acordo com a tua idade, atividade sexual e motivo da consulta, pode estar indicada ou não a realização do exame físico ginecológico. Não é obrigatória a avaliação ginecológica: tudo vai depender da pertinência da mesma no contexto particular da consulta.
Mas se for essa a situação, calma, não precisas de ficar com receio nem de ter vergonha! O exame ginecológico não dói e é importante que estejas calma e relaxada. Vamos observar e palpar as tuas mamas, a barriga e os órgãos genitais externos, podendo eventualmente ser necessário avaliar a vagina e o colo do útero com o exame ginecológico ao espéculo (também conhecido como "bico de pato") . Dependendo das queixas, pode ser também necessário fazer uma avaliação com ecografia que pode ser realizada pela barriga ou por via endovaginal ou retal.
Não te esqueças que a consulta é totalmente sigilosa, ou seja podes partilhar com o teu Ginecologista todas as tuas dúvidas e preocupações sem que estas sejam transmitidas a ninguém (são confidenciais).
Não existem perguntas “absurdas” ou “irrelevantes” e o médico não te vai “julgar” pelas tuas opiniões ou convicções nem te vai “obrigar” a fazer nada que não queiras.
Não te esqueças: a missão do Ginecologista é ajudar-te e esclarecer-te o mais possível, de forma a cresceres e viveres a tua adolescência de forma feliz e saudável.
Dra. Dora Antunes
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
A puberdade é uma época de transição entre a infância e a idade adulta, um período marcado por profundas alterações biológicas, fisiológicas e psicológicas, durante o qual o corpo adquire os caracteres sexuais (masculinos e femininos) associados ao sexo biológico, dando-se igualmente a maturação do aparelho reprodutor e a aquisição da capacidade reprodutiva.
A descoberta da sexualidade atinge o seu auge. O desejo sexual torna-se mais específico e vários estímulos adquirem valor sexual. Com uma maior atividade hormonal, os jovens passam por várias alterações ao nível do corpo, designadamente aumento dos órgãos sexuais, os rapazes têm as primeiras ejaculações, que geralmente ocorrem durante o sono (os chamados “sonhos molhados”) e nas raparigas surge a primeira menstruação (menarca). Habitualmente é neste período que ocorrem os primeiros contatos sexuais e as primeiras experiências.
Pretende-se que a sexualidade seja uma fonte de bem-estar. No entanto existem, algumas consequências evitáveis como a gravidez não desejada, interrupção voluntária da gravidez e Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST).
Apesar de cada vez mais teres acesso a uma grande quantidade de informação sobre questões relacionadas com a sexualidade fornecidas pela comunicação social e internet, a consulta médica continua a ser o local apropriado para te informares e esclareceres as tuas dúvidas sobre o risco das relações sexuais desprotegidas, as IST e o uso responsável da contraceção. Existem algumas vantagens de consultares o teu médico em vez de “consultares a net” das quais te vou falar:
Primeiro é importante que saibas que o objetivo do teu médico é manter a saúde das pessoas que o consultam, portanto, saberás que o que ele te recomendar é com o objetivo de te ajudar.
Além disso, os médicos sabem que a saúde física é tão importante e como a saúde psicológica e social, por isso vai querer ajudar-te a viveres a sexualidade de forma feliz e saudável, mas também responsável.
Ele sabe que nem sempre é fácil partilhar estas questões com outras pessoas, mas quer que saibas que ele estudou a melhor forma de te ajudar e tem experiência na área, sobretudo se se tratar do teu Médico de Família ou um médico Ginecologista.
O teu médico não te vai “julgar” pelas opiniões que manifestares na consulta, nem vai considerar que a pergunta que colocas é “absurda”. Pelo contrário, vai ficar satisfeito por perceber que conseguiu estabelecer uma relação de confiança entre ambos que te permite estar à vontade para colocares as tuas dúvidas sem receios.
A escolha do método contracetivo é uma tarefa importante. Ninguém te vai obrigar a escolher determinado método, mas vão sim, dar-te a conhecer as opções que tens face à tua história clínica que só o teu médico conhece com segurança. Depois, vai apresentar-te quais as vantagens e desvantagens de cada método para que possas fazer uma escolha informada.
No teu Centro de Saúde são fornecidos de forma gratuita preservativos e existem também métodos contracetivos gratuitos como contracetivos hormonais (por exemplo: a “pílula”), o anel vaginal, o implante subcutâneo e até dispositivos de aplicação intrauterina.
É importante prevenir gravidezes na adolescência, mas sabemos que os acidentes acontecem e mesmo nesses momentos poderemos ajudar-te, mas nesses casos deves recorrer ao teu médico o mais rapidamente possível.
E lembra-te, a sexualidade é uma fonte de prazer e comunicação, uma potencial fonte de vida e uma componente positiva de realização pessoal e das relações interpessoais. Nunca em nenhum momento a tua autonomia e liberdade de escolha podem ser colocadas em causa e por isso nada justifica a ocorrência de violência, coação, domínio ou exploração nas tuas relações de intimidade. Se sentires que isso está a acontecer contigo podes pedir ajuda ao teu médico que ele saberá ajudar-te.
Por fim, não te esqueças que a consulta com o teu médico está sujeita ao dever de sigilo médico, isto é, podes partilhar com ele as tuas preocupações que serão tratadas de forma confidencial.
Ana Vaz Ferreira, Médica de Família
A pílula do dia
seguinte tem como objetivo a diminuição da probabilidade de uma gravidez após
uma relação sexual desprotegida.
Deve ser tomada quando:
- Não se utilizou nenhum método contracetivo na relação sexual
ou
- Quando o uso do método contracetivo foi irregular (por exemplo esquecimento na toma da pílula diária, esquecimento na colocação do anel vaginal no dia certo, etc)
ou
- Quando o método contracetivo falhou (por exemplo, quando se rompe o preservativo).
Existem em formato de comprimido (vulgarmente conhecido como pílula do dia seguinte), mas o uso do dispositivo intrauterino de cobre é também uma possibilidade na contraceção de emergência, ainda que seja menos usada para este fim.
Existem 2 tipos de comprimidos: uns que podem ser usados até 3 dias depois da relação sexual desprotegida, e outro que pode ser usado até ao 5º dia. É no entanto muito importante compreender que a sua eficácia é menor com o passar do tempo.
Todas estas opções estão disponíveis para venda em Farmácias, sendo que alguns são ainda disponibilizados de forma gratuita nos Centros de Saúde, Serviços de Ginecologia e Obstetrícia e Centros de Atendimento a Jovens (CAJ)