quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Contraceção de longa duração


A contraceção de longa duração não depende da lembrança diária da sua toma pelas utilizadoras. Existem diferentes tipos que variam na sua forma de administração e período de tempo após o qual deve ser trocada.

É um excelente método para aquelas adolescentes que se esquecem frequentemente de tomar a pílula ou que usem outros métodos mais dependentes da sua lembrança. De realçar que todos eles são reversíveis, o que significa que quando suspensos a fertilidade volta ao seu normal.

Em Portugal temos o progestativo injetável, progestativo subcutâneo e os dispositivos intra-uterinos.


Progestativo injetável

Em Portugal existe o Depo-Provera®  que é um progestativo isolado (não tem estrogénios) e é administrado sob a forma de injeção intramuscular de 12 em 12 semanas (3 em 3 meses) no Centro de Saúde ou Hospital.

Deve ser iniciado idealmente nos primeiros 7 dias da menstruação para garantir maior eficácia contra uma gravidez indesejada, sendo depois repetido de 12 em 12 semanas como explicado anteriormente.
Pode ainda assim ser iniciado em qualquer fase do ciclo, desde que excluída uma gravidez e com uso de proteção adicional com preservativo durante os 7 dias seguintes à primeira injeção.
Se por acaso já fazes outro método contracetivo e queres mudar para o progestativo injetável é possível, sendo aconselhado manter o outro método durante 7 dias após a injeção e só depois descontinuá-lo.
Em caso se esquecimento da injeção intramuscular para além das 15 semanas de intervalo, deve ser feito um teste de gravidez antes da próxima injecão e ter cuidado em usar proteção adicional com preservativo durante a primeira semana após a toma.

Ainda que seja um método possível nas adolescentes, não deve ser a escolha de primeira linha porque pode interferir com a densidade mineral óssea. Apesar de ser um método resersível, o retorno à fertilidade pode não ser imediato após a sua suspensão.


Progestativo subcutâneo

Existe o Implanon NXT®, um implante que parece um pequeno bastão com cerca de 4 cm de comprimento e 2 mm de largura. Este liberta progestativo isolado (não tem estrogénios) e coloca-se debaixo da pele do braço no Centro de Saúde ou Hospital. A colocação é simples e rápida, após a administração de anestesia local. É muito eficaz e apenas precisa ser trocado de 3 em 3 anos. A sua remoção é igualmente feita num centro médico, após uma anestesia local e uma muito pequena incisão no braço através da qual se tira o implante.

O implante deve idealmente ser inserido nos primeiros 5 dias do ciclo, mas pode ser iniciado em qualquer altura, desde que excluída uma gravidez e com uso de proteção adicional com preservativo durante os 7 dias seguintes à colocação.

Se já fazes outro método e queres introduzir o implante, a troca é possível sem precisar de contraceção adicional. Idealmente deves fazê-lo da seguinte forma:

  • Pílulas com estrogénio e progestativo – inserir durante a semana de suspensão do método
  • Pílulas só com progestativo – inserir em qualquer momento
  • Progestativo injetável – inserir na data da próxima injeção
  • Implante subcutâneo ou DIU – inserir no momento da remoção do método anterior

Após a sua remoção, o retorno à fertilidade é imediato. As “menstruações” podem ser regulares, irregulares ou até mesmo ausentes, sem que nenhuma das situações traduza um problema médico.


Dispositivos intra-uterinos (DIU´s)

Os dispositivos intrauterinos (DIU´s) podem ser hormonais ou não hormonais. Apesar dos mitos sobre a introdução de DIU´s na adolescência, estes podem ser utilizados, existindo mesmo opções com cânulas de inserção de menor tamanho para faciliar a introdução.

A sua colocação é feita no Centro de Saúde ou Hospital, idealmente no período menstrual. É utilizada a marquesa ginecológica e um espéculo, que é um aparelho de metal ou plástico que permite ver o colo do útero e assim introduzir o aparelho através deste orifício para dentro da cavidade uterina. 

Existe um ligeiro desconforto aquando da sua colocação, mas não é necessária qualquer tipo de anestesia. São deixados cerca de 2 cm de fio na vagina que vai ser importante para tirar o dispositivo mais tarde. Os fios e o aparelho não se vêem e não se sentem na relação sexual, sendo um método muito eficaz e confortável.

Existem DIU´s com libertação de hormona que podem ser trocados de 3 em 3 ou de 5 em 5 anos, consoante o aparelho pelo qual se opte. Nos casos do DIU não hormonal, a troca pode ser feita de 10 em 10 anos.

Para a sua remoção, é necessário novamente ir ao centro médico utilizando-se um método semelhante à introdução mas ainda mais simples, porque consiste apenas em puxar o aparelho pelos fios que ficaram na vagina.

Após a sua remoção, o retorno à fertilidade é imediato.
Nos DIU´s hormonais as “menstruações” podem ser regulares, irregulares ou até mesmo ausentes, sem que nenhuma das situações traduza um problema médico. No caso dos DIU´s não hormonais, as menstruações continuam com a regularidade que tinham antes da sua colocação.


Se te esqueces muitas vezes de tomar a tua contraceção e andas sempre preocupada, um destes métodos pode ser a solução. São seguros, práticos e totalmente gratuitos nos Centros de Saúde e Hospitais. 



E então, qual é o método contracetivo ideal para ti?


Dra.Tânia Ascensão
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra