quarta-feira, 1 de abril de 2020

Higiene íntima


A higiene íntima é muito importante para a mulher, de modo a manter os genitais limpos, livres de humidade e resíduos: como fezes, urina ou fluídos. É importante em termos de bem-estar, mas também porque contribui para a saúde física, prevenindo infeções.
Existem muito produtor de higiene íntima disponíveis no mercado, e neste post vamos falar do que é mais importante ter em conta na sua escolha, assim como quais as melhores técnicas de higienização da zona íntima.

Ambiente vaginal: como é e como funciona?
Na adolescência, a produção de estrogénio pelo ovário permite um ambiente ótimo para a fixação de lactobacilos na vagina, que ajudam o ambiente vaginal a tornar-se otimizado face às bactérias, que podem contudo ser normais na vagina e até mesmo ajudar no seu equilíbrio (depende do tipo de bactéria e da quantidade).  A partir desta fase, o ciclo menstrual vai ter implicações no ambiente vaginal. Por exemplo, durante a menstruação, o pH da vagina (que normalmente é ácido) vai tornar-se mais alcalino pela presença de sangue, facilitando o desenvolvimento de organismos na vagina que não deveriam existir, ou pelo menos existir naquela quantidade/ proporção.  
É normal haver corrimento vaginal na mulher, já que a produção deste muco possibilita a manutenção do pH vaginal nos valores corretos, funcionando como um mecanismo protetor às infeções indesejadas. É, no entanto, muito importante saber quais as características do corrimento que não nos deve preocupar: se ele for branco fluído ou transparente, sem cheiro e não causar comichão, não será para preocupar.

Detergentes de limpeza: como escolher?
Portanto, já percebemos que manter o pH da vagina ácido é importante e isto vai ser uma dica muito útil quando escolhemos os produtos para a nossa higiene íntima: devemos evitar produtos que alcalinizem o pH da região genital, e que portanto destruam um dos mecanismos protetores. O objetivo dos produtos de limpeza íntima não é esterilizar os genitais, mas sim conseguir eliminar os resíduos e secreções da região sem destruir as suas características e as próprias bactérias que vivem normalmente na vagina. É ainda importante que estes produtos não sejam irritantes nem sequem demasiado a pele e as mucosas.
Passar os genitais por água em primeiro lugar permite remover grande parte dos resíduos. De seguida devemos passar o detergente genital, capaz de remover as gorduras e partículas que ainda lá ficaram, como células mortas derivadas da descamação da pele, fezes, urina ou sangue menstrual. Muitas mulheres gostam que estes detergentes façam espuma, mas produtos com muita detergência podem remover excessivamente a camada de gordura da pele, tornando-a muito seca e facilitando a comichão.
Frequentemente as mulheres usam os comuns sabonetes orgânicos para higiene íntima, mas devemos ter atenção porque normalmente estes são alcalinos e tornam-se abrasivos, promovendo a secura da pele: por exemplo os sabonetes de glicerina ou sabão em barra. Se a mulher prefere ainda assim usar este tipo de sabonete na sua higiene, então deve associar agentes humidificantes como óleos vegetais ou ácidos gordos.
Os detergentes sintéticos já apresentam um pH neutro ou ligeiramente ácido, tendo a capacidade de fazer espuma com correto efeito detergente, podendo apresentar-se sob a forma líquida (a maioria) ou sólida. Existem detergentes sintéticos próprios para a higiene íntima, maioritariamente líquidos, que devem ser preferidos aquando da lavagem da zona genital, por apresentar as caraterísticas ótimas na manutenção da barreira de defesa íntima ao mesmo tempo que garante a sua lavagem.
O toalhete humedecido tem normalmente um pH ácido ou próximo do neutro, podendo ser uma opção para a higiene fora de casa (por exemplo em sanitários de uso público). Não devem, no entanto, ser usados de forma abusiva e a sua aplicação deve ser suave,

Como proceder à lavagem?
Devem ser lavados a vulva (zona exterior dos grandes e pequenos lábios que contém pele), o monte púbico (parte superior à vulva normalmente composto por pele e pêlos púbicos) região perianal e raiz das coxas, incluindo as dobras e sulcos cutâneos, como o sulco interlabial (entre os grandes e os pequenos lábios).
Primeiro devem ser enxaguados com água corrente e depois com o produto de higiene íntimo, em movimentos circulares evitando trazer conteúdo perianal para a região vulvar. De salientar que apenas deve ser lavada a genitália externa, não estando de algum modo aconselhados os duches vaginais. No final, os genitais devem ser secos com toalha lavada e seca, de forma suave.
Não devem ser utilizados sprays, perfumes, talcos, ou lenços humedecidos.  A região genital deve ser higienizada de 1 a 2 vezes por dia e não deve exceder 1-2 minutos, de forma a evitar a secagem excessiva. Em casos de pele seca, também a região genital pode ser hidratada no final do banho. Os hidratantes deverão ser gel ou cremes vaginais de base aquosa e com pH ácido e compatíveis com a mucosa vaginal.

Uso de penso diários: sim ou não?
O uso sistemático do penso higiénico diário não é recomendado. Caso haja incontinência urinária ou transpiração excessiva, pode recorrer-se a pensos higiénicos respiráveis (sem película plástica).

Roupa interior: qual a melhor?
No geral, deve utiliza-se roupa interior de algodão.  Deve trocar-se a roupa interior diariamente, não devendo esta ser demasiado apertada. Os fatos de banho molhados e a roupa usada após desporto devem ser trocados o mais cedo possível.


Higiene após relações sexuais: o que fazer?
Após a relação sexual, deve lavar-se a área genital externa com água e produto de higiene íntima. Mais uma vez, não são recomendados os duches vaginais.  

Higiene durante a menstruação: como fazer?
No período menstrual, a higiene deve ser feita com mais frequência, de forma a evitar a humidade prolongada. O uso de pensos higiénicos é possível, mas devem ser trocados com frequência, de forma a garantir a limpeza, mas também evitar a irritação vulvar. Os pensos higiénicos desodorizantes não devem ser utilizados. Os tampões podem ser utilizados com segurança, desde que mudados com frequência.

Depilação da área genital: pode ser?
A depilação da área genito-anal pode ser feita, mas deverá respeitar a sensibilidade individual de cada uma. A frequência deve ser a menor possível.

Tânia Ascensão
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra