A higiene íntima é muito importante
para a mulher, de modo a manter os genitais limpos, livres de humidade e resíduos:
como fezes, urina ou fluídos. É importante em termos de bem-estar, mas também porque
contribui para a saúde física, prevenindo infeções.
Existem muito produtor de higiene
íntima disponíveis no mercado, e neste post vamos falar do que é mais importante
ter em conta na sua escolha, assim como quais as melhores técnicas de
higienização da zona íntima.
Ambiente vaginal: como é e como
funciona?
Na adolescência, a produção de estrogénio
pelo ovário permite um ambiente ótimo para a fixação de lactobacilos na vagina,
que ajudam o ambiente vaginal a tornar-se otimizado face às bactérias, que podem
contudo ser normais na vagina e até mesmo ajudar no seu equilíbrio (depende do
tipo de bactéria e da quantidade). A
partir desta fase, o ciclo menstrual vai ter implicações no ambiente vaginal.
Por exemplo, durante a menstruação, o pH da vagina (que normalmente é ácido)
vai tornar-se mais alcalino pela presença de sangue, facilitando o
desenvolvimento de organismos na vagina que não deveriam existir, ou pelo menos
existir naquela quantidade/ proporção.
É normal haver corrimento vaginal
na mulher, já que a produção deste muco possibilita a manutenção do pH vaginal
nos valores corretos, funcionando como um mecanismo protetor às infeções
indesejadas. É, no entanto, muito importante saber quais as características do
corrimento que não nos deve preocupar: se ele for branco fluído ou
transparente, sem cheiro e não causar comichão, não será para preocupar.
Detergentes de limpeza: como
escolher?
Portanto, já percebemos que manter
o pH da vagina ácido é importante e isto vai ser uma dica muito útil quando escolhemos
os produtos para a nossa higiene íntima: devemos evitar produtos que alcalinizem
o pH da região genital, e que portanto destruam um dos mecanismos protetores. O
objetivo dos produtos de limpeza íntima não é esterilizar os genitais, mas sim conseguir
eliminar os resíduos e secreções da região sem destruir as suas características
e as próprias bactérias que vivem normalmente na vagina. É ainda importante que
estes produtos não sejam irritantes nem sequem demasiado a pele e as mucosas.
Passar os genitais por água em
primeiro lugar permite remover grande parte dos resíduos. De seguida devemos
passar o detergente genital, capaz de remover as gorduras e partículas que
ainda lá ficaram, como células mortas derivadas da descamação da pele, fezes,
urina ou sangue menstrual. Muitas mulheres gostam que estes detergentes façam
espuma, mas produtos com muita detergência podem remover excessivamente a
camada de gordura da pele, tornando-a muito seca e facilitando a comichão.
Frequentemente as mulheres usam
os comuns sabonetes orgânicos para higiene íntima, mas devemos ter atenção porque
normalmente estes são alcalinos e tornam-se abrasivos, promovendo a secura da
pele: por exemplo os sabonetes de glicerina ou sabão em barra. Se a mulher
prefere ainda assim usar este tipo de sabonete na sua higiene, então deve
associar agentes humidificantes como óleos vegetais ou ácidos gordos.
Os detergentes sintéticos já
apresentam um pH neutro ou ligeiramente ácido, tendo a capacidade de fazer
espuma com correto efeito detergente, podendo apresentar-se sob a forma líquida
(a maioria) ou sólida. Existem detergentes sintéticos próprios para a higiene
íntima, maioritariamente líquidos, que devem ser preferidos aquando da lavagem
da zona genital, por apresentar as caraterísticas ótimas na manutenção da
barreira de defesa íntima ao mesmo tempo que garante a sua lavagem.
O toalhete humedecido tem
normalmente um pH ácido ou próximo do neutro, podendo ser uma opção para a
higiene fora de casa (por exemplo em sanitários de uso público). Não devem, no
entanto, ser usados de forma abusiva e a sua aplicação deve ser suave,
Como proceder à lavagem?
Devem ser lavados a vulva (zona
exterior dos grandes e pequenos lábios que contém pele), o monte púbico (parte
superior à vulva normalmente composto por pele e pêlos púbicos) região perianal
e raiz das coxas, incluindo as dobras e sulcos cutâneos, como o sulco
interlabial (entre os grandes e os pequenos lábios).
Primeiro devem ser enxaguados com
água corrente e depois com o produto de higiene íntimo, em movimentos
circulares evitando trazer conteúdo perianal para a região vulvar. De salientar
que apenas deve ser lavada a genitália externa, não estando de algum modo
aconselhados os duches vaginais. No final, os genitais devem ser secos com
toalha lavada e seca, de forma suave.
Não devem ser utilizados sprays,
perfumes, talcos, ou lenços humedecidos. A região genital deve ser higienizada de 1 a 2
vezes por dia e não deve exceder 1-2 minutos, de forma a evitar a secagem
excessiva. Em casos de pele seca, também a região genital pode ser hidratada no
final do banho. Os hidratantes deverão ser gel ou cremes vaginais de base
aquosa e com pH ácido e compatíveis com a mucosa vaginal.
Uso de penso diários: sim ou não?
O uso sistemático do penso
higiénico diário não é recomendado. Caso haja incontinência urinária ou
transpiração excessiva, pode recorrer-se a pensos higiénicos respiráveis (sem
película plástica).
Roupa interior: qual a melhor?
No geral, deve utiliza-se roupa
interior de algodão. Deve trocar-se a roupa
interior diariamente, não devendo esta ser demasiado apertada. Os fatos de
banho molhados e a roupa usada após desporto devem ser trocados o mais cedo
possível.
Higiene após relações sexuais: o
que fazer?
Após a relação sexual, deve
lavar-se a área genital externa com água e produto de higiene íntima. Mais uma
vez, não são recomendados os duches vaginais.
Higiene durante a menstruação: como
fazer?
No período menstrual, a higiene
deve ser feita com mais frequência, de forma a evitar a humidade prolongada. O
uso de pensos higiénicos é possível, mas devem ser trocados com frequência, de
forma a garantir a limpeza, mas também evitar a irritação vulvar. Os pensos
higiénicos desodorizantes não devem ser utilizados. Os tampões podem ser
utilizados com segurança, desde que mudados com frequência.
Depilação da área genital: pode
ser?
A depilação da área genito-anal pode
ser feita, mas deverá respeitar a sensibilidade individual de cada uma. A
frequência deve ser a menor possível.
Tânia Ascensão
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra