A vulva é o conjunto dos órgãos sexuais femininos externos, que inclui o monte púbico, os grandes e pequenos lábios, o clitóris, a abertura das vagina, entre outras estruturas anatomicamente mais específicas.
A vagina é o órgão sexual em forma de canal que se estende da vulva ao colo do útero.
Ambas são partes do corpo que
estão expostas ao contato direto aquando da atividade sexual, mas nem todas as
infeções da vulva e vagina são transmitidas por esta via.
De seguida apresentamos as infeções vulvovaginais mais frequentes, com algumas informações que podem ser úteis.
- Herpes genital: é causado pelo
herpes vírus, se transmite por via sexual. Causa úlceras na região vulvovaginal
e períneo, normalmente com dor ou ardor e os gânglios da região das virilhas
estão aumentados e dolorosos. Depois de uma infeção primária (1ª infeção)
podem surgir infeções subsequentes (recorrentes), normalmente com menos queixas
do que na infeção primária. A resolução da infeção varia entre 1 a 3 semanas,
mas é sempre importante recorrer a um médico para que possam ser prescritos
antivíricos eficazes após o diagnóstico. Como cuidados gerais: vestir roupa larga
de algodão, urinar para um bidé com água morna ou usar medicamentos locais ou orais para
a dor pode ser bastante útil.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
- Sífilis primária: é causada
pela bactéria treponema pallidum, que se transmite por via sexual. Causa
úlceras na região vulvovaginal, normalmente com lesão única e sem dor. Os
gânglios da região das virilhas estão normalmente também aumentados, mas
habitualmente indolores. A cicatrização das lesões pode resolver espontaneamente
até 2 meses, mas o tratamento adequado é feito com Penicilina, ou outros
antibióticos em caso de alergia. É muito importante um diagnóstico e
tratamento atempados, para evitar complicações futuras da Sífilis.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
- Vaginose bacteriana: é causada
por um conjunto de bactérias que substituem a flora vaginal normal e não é transmitida
por via sexual. Existe normalmente um corrimento vaginal branco-acinzentado com
mau cheiro, ainda que em 50% dos casos as mulheres possam não
ter sintomas. O tratamento é feito em mulheres sintomáticas e em mulheres sem
sintomas mas que irão ser submetidas a procedimentos ginecológicos. É utilizado
antibiótico (oral ou vaginal) ou comprimidos vaginais de Cloreto de dequalínio.
Não é preciso o tratamento do
parceiro.
- Candidíase: é causada por fungos
(90% dos casos Candida albicans) e não se transmite por via sexual.
Existe normalmente um corrimento branco espesso e grumoso, tipo requeijão, sem
cheiro. Pode existir ainda uma sensação de “inflamação” da vulva e vagina, com inchaço
dos lábios vulvares, com tonalidade avermelhada e fissuras. O tratamento é feito em
mulheres com sintomas com antifúngicos (oral ou vaginal).
O tratamento do parceiro só é
necessário se este tiver sintomas.
- Tricomoníase: é causada pelo
protozoário Trichomonas vaginalis, que se transmite por via sexual. Existe
normalmente um corrimento acinzentado arejado (com bolhas) ou
amarelo-esverdeado, podendo também haver sinais de irritação vulvovaginal com comichão,
vermelhidão e ardor ao urinar. O tratamento é feito em mulheres com sintomas,
utilizando-se antibiótico (oral) ou alguns antifúngicos.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
- Infeção por Chlamydia
trachomatis: a Chlamydia é uma bactéria que se transmite por via
sexual. Esta causa inflamação do trato genital e urinário (colo do útero e
uretra), podendo existir dor intensa ao urinar e corrimento vaginal amarelado ou
com pus. A maioria das mulheres, ainda assim, não tem qualquer sintoma. Tratar
esta infeção, mesmo em mulheres sem sintomas, é muito importante para evitar
doença inflamatória pélvica e complicações futuras. Esta é muitas vezes uma infeção
silenciosa e perigosa, porque se não for tratada pode ter consequências ginecológicas
graves no futuro. O tratamento é feito com antibiótico.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
-
Infeção por Neisseria gonorrhoeae: a Neisseria é uma bactéria que se transmite
por via sexual. Existe infeção dupla com a Chlamydia
trachomatis em 35 a 50% dos casos. Tal como na infeção por Chlamydia,
esta causa inflamação do trato genital e urinário (colo do útero e uretra),
podendo existir dor intensa ao urinar e corrimento vaginal ou uretral amarelado
ou com pus. Neste caso, apenas 10-25% dos casos não tem sintomas. Tratar todas
as mulheres infetadas é muito importante, pois aqui existe também o
risco de doença inflamatória pélvica e consequências ginecológicas futuras em
mulheres não tratadas. . O tratamento é feito com antibióticos.
É recomendado o tratamento do
parceiro sexual.
A não
esquecer:
Recorrer
a um médico ginecologista em casos de suspeita de infeção vulvovaginal é muito
importante para um diagnóstico e tratamento eficaz.
Nem
todas as infeções vulvovaginais se transmitem por via sexual.
Nos
casos em que a via de transmissão é sexual, o uso de preservativo continua a
ser a forma mais eficaz de evitar a infeção: é fácil, barato e está ao
alcance de todos.
Sexualidade
segura = sexualidade saudável!
Tânia Ascensão
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
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