domingo, 1 de novembro de 2020

Infeções vulvovaginais

A vulva é o conjunto dos órgãos sexuais femininos externos, que inclui o monte púbico, os grandes e pequenos lábios, o clitóris, a abertura das vagina, entre outras estruturas anatomicamente mais específicas.

A vagina é o órgão sexual em forma de canal que se estende da vulva ao colo do útero.

Ambas são partes do corpo que estão expostas ao contato direto aquando da atividade sexual, mas nem todas as infeções da vulva e vagina são transmitidas por esta via.


De seguida apresentamos as infeções vulvovaginais mais frequentes, com algumas informações que podem ser úteis.


- Herpes genital: é causado pelo herpes vírus, se transmite por via sexual. Causa úlceras na região vulvovaginal e períneo, normalmente com dor ou ardor e os gânglios da região das virilhas estão aumentados e dolorosos. Depois de uma infeção primária (1ª infeção) podem surgir infeções subsequentes (recorrentes), normalmente com menos queixas do que na infeção primária. A resolução da infeção varia entre 1 a 3 semanas, mas é sempre importante recorrer a um médico para que possam ser prescritos antivíricos eficazes após o diagnóstico. Como cuidados gerais: vestir roupa larga de algodão, urinar para um bidé com água morna ou usar medicamentos locais ou orais para a dor pode ser bastante útil.

É recomendado o tratamento do parceiro sexual.

 

- Sífilis primária: é causada pela bactéria treponema pallidum, que se transmite por via sexual. Causa úlceras na região vulvovaginal, normalmente com lesão única e sem dor. Os gânglios da região das virilhas estão normalmente também aumentados, mas habitualmente indolores. A cicatrização das lesões pode resolver espontaneamente até 2 meses, mas o tratamento adequado é feito com Penicilina, ou outros antibióticos em caso de alergia. É muito importante um diagnóstico e tratamento atempados, para evitar complicações futuras da Sífilis.

É recomendado o tratamento do parceiro sexual.

 

- Vaginose bacteriana: é causada por um conjunto de bactérias que substituem a flora vaginal normal e não é transmitida por via sexual. Existe normalmente um corrimento vaginal branco-acinzentado com mau cheiro, ainda que em 50% dos casos as mulheres possam não ter sintomas. O tratamento é feito em mulheres sintomáticas e em mulheres sem sintomas mas que irão ser submetidas a procedimentos ginecológicos. É utilizado antibiótico (oral ou vaginal) ou comprimidos vaginais de Cloreto de dequalínio.

Não é preciso o tratamento do parceiro.

 

- Candidíase: é causada por fungos (90% dos casos Candida albicans) e não se transmite por via sexual. Existe normalmente um corrimento branco espesso e grumoso, tipo requeijão, sem cheiro. Pode existir ainda uma sensação de “inflamação” da vulva e vagina, com inchaço dos lábios vulvares, com tonalidade avermelhada e fissuras. O tratamento é feito em mulheres com sintomas com antifúngicos (oral ou vaginal).

O tratamento do parceiro só é necessário se este tiver sintomas.

 

- Tricomoníase: é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, que se transmite por via sexual. Existe normalmente um corrimento acinzentado arejado (com bolhas) ou amarelo-esverdeado, podendo também haver sinais de irritação vulvovaginal com comichão, vermelhidão e ardor ao urinar. O tratamento é feito em mulheres com sintomas, utilizando-se antibiótico (oral) ou alguns antifúngicos.

É recomendado o tratamento do parceiro sexual.

 

- Infeção por Chlamydia trachomatis: a Chlamydia é uma bactéria que se transmite por via sexual. Esta causa inflamação do trato genital e urinário (colo do útero e uretra), podendo existir dor intensa ao urinar e corrimento vaginal amarelado ou com pus. A maioria das mulheres, ainda assim, não tem qualquer sintoma. Tratar esta infeção, mesmo em mulheres sem sintomas, é muito importante para evitar doença inflamatória pélvica e complicações futuras. Esta é muitas vezes uma infeção silenciosa e perigosa, porque se não for tratada pode ter consequências ginecológicas graves no futuro. O tratamento é feito com antibiótico.

É recomendado o tratamento do parceiro sexual.

 

- Infeção por Neisseria gonorrhoeae: a Neisseria é uma bactéria que se transmite por via sexual. Existe infeção dupla com a Chlamydia trachomatis em 35 a 50% dos casos. Tal como na infeção por Chlamydia, esta causa inflamação do trato genital e urinário (colo do útero e uretra), podendo existir dor intensa ao urinar e corrimento vaginal ou uretral amarelado ou com pus. Neste caso, apenas 10-25% dos casos não tem sintomas. Tratar todas as mulheres infetadas é muito importante, pois aqui existe também o risco de doença inflamatória pélvica e consequências ginecológicas futuras em mulheres não tratadas. . O tratamento é feito com antibióticos.

É recomendado o tratamento do parceiro sexual.

 

A não esquecer:

Recorrer a um médico ginecologista em casos de suspeita de infeção vulvovaginal é muito importante para um diagnóstico e tratamento eficaz.

Nem todas as infeções vulvovaginais se transmitem por via sexual.

Nos casos em que a via de transmissão é sexual, o uso de preservativo continua a ser a forma mais eficaz de evitar a infeção: é fácil, barato e está ao alcance de todos.

Sexualidade segura = sexualidade saudável!


Tânia Ascensão

Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

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