segunda-feira, 1 de abril de 2019

Vacina do HPV


O HPV (vírus do papiloma humano) é um vírus que infecta seres humanos. Foram identificadas mais de 200 sub-tipos. A sua transmissão é feita através do contracto directo entre indivíduos, sendo a transmissão vertical muito rara.

A maioria das infecções provocadas pelo HPV são transitórias e regridem espontaneamente, no entanto, cerca de 10% podem tornar-se persistentes e as lesões resultantes, quando não tratadas, podem evoluir para um estado de pré-malignidade (3-4%) ou cancro. A evolução destas lesões é geralmente muito lenta e assintomática.
As infecções persistentes podem causar lesões benignas como as verrugas ano-genitais, condilomas, as verrugas das mãos e pés conhecidas por “cravos” e lesões do epitélio do colo do útero e da cavidade orofaríngea. Infecções persistentes por estirpes de alto risco podem ser responsáveis pelo cancro colo do útero (CCU), menos frequentemente cancro da vulva, vagina, ânus e mais raramente o cancro laríngeo, orofaringe e boca. O CCU é, assim, a patologia mais relevante relacionada com a infecção persistente pelo HPV que evolui para formas invasivas.

70-75% dos casos de CCU estão relacionados com infecção por HPV tipos 16 e 18. 90% dos condilomas estão relacionados com infecção pelos genótipos 6 e 11.
A Infecção ano-genital por HPV é a infecção de transmissão sexual mais comum. O vírus pode ser transmitido durante o sexo vaginal, oral, anal ou durante o contacto íntimo entre indivíduos em que pelo menos um esteja infectado. Tal como a maioria das DST a incidência é maior em jovens na faixa dos 15-25 anos. Estima-se que cerca de 80% de indivíduos sexualmente activos do sexo masculino e feminino sejam expostos ao HPV em alguma altura das suas vidas.

Muitas lesões, como os condilomas, são imperceptíveis pela sua localização e dimensões. Outras como as localizadas no colo do útero, poderão não ser detectadas caso não se proceda ao seu rastreio de forma regular.
O teste citológico do colo uterino, a colpocitologia, é a forma de rastreio que permite identificar e tratar precocemente as lesões precursoras do CCU. O teste do HPV-DNA possibilita a caracterização genotípica do vírus e está recomendado perante alterações das células do colo uterino presentes no rastreio, de forma a definir um plano de vigilância e tratamento.

Não existe tratamento para a infecção por HPV, mas para as lesões decorrentes. Este pode consistir na destruição ou excisão dos tecidos afectados.
A vacina contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenção da infecção por HPV.
Ouras medidas preventivas são a utilização do preservativo e a adopção de comportamentos sexuais saudáveis.

A vacinação universal contra o HPV tem como objectivo a prevenção de infecções por este vírus e a diminuição a longo prazo da incidência de cancro do colo uterino que é o 2º cancro mais comum nas mulheres a nível mundial. Esta doença mata mais de 4,5/100000mulheres acima dos 15anos em Portugal (2005).
A Introdução desta vacina foi aprovada em Portugal em 2008.
As vacinas existentes protegem contra os subtipos que se sabem serem mais oncogénicos, ou seja que poderão causar o cancro do colo uterino e também contra as estirpes responsáveis pelos condilomas ano-genitais.
São comercializadas actualmente vacinas contra os genótipos 16 e 18  (bivalente), 6,11,16,18 (tetravalente) e mais recentemente 6,11,16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 (nonavalente). A produção é feita a partir de partículas semelhantes à capsula do vírus (VLP) através de tecnologia de DNA recombinante. Após a sua administração intra-muscular o sistema imunitário do indivíduo reage produzindo anticorpos que neutralizam estas partículas.

A vacina faz parte do plano nacional de vacinação, sendo administrada a meninas entre os 12- 13 anos. A vantagem da vacinação nestas idades prende-se com a menor probabilidade de prévia exposição ao vÍrus e a uma maior de produção de anticorpos.
Estudos demonstram ser eficaz mesmo quando administrada mais tarde. Pode ser recomendada em casos de lesão do colo uterino previamente diagnosticada e tratada, na medida em que reduz a reinfecção, previne infecção por outras estirpes, diminuindo a recorrência das lesões.
Recomendações actuais vão no sentido da vacinação de rapazes, o que já integra o plano vacinal de alguns países.
Vários estudos têm sido conduzidos mundialmente de forma a garantir a segurança da vacina. Até à data não se encontrou associação entre a vacina contra o HPV e eventos adversos auto-imunes, neurológicos ou tromboembólicos.

Com uma boa adesão a esta vacina a nível global poderemos, num futuro próximo, erradicar o cancro do colo do útero e reduzir a incidência de outras neoplasias.



Dra Naiegal Pereira 
Hospital Beatriz Ângelo (Loures)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Coloca a tua dúvida!