O HPV (vírus do papiloma humano) é
um vírus que infecta seres humanos. Foram identificadas mais de 200 sub-tipos. A
sua transmissão é feita através do contracto directo entre indivíduos, sendo a
transmissão vertical muito rara.
A maioria das infecções provocadas
pelo HPV são transitórias e regridem espontaneamente, no entanto, cerca de 10%
podem tornar-se persistentes e as lesões resultantes, quando não tratadas,
podem evoluir para um estado de pré-malignidade (3-4%) ou cancro. A evolução
destas lesões é geralmente muito lenta e assintomática.
As infecções persistentes podem
causar lesões benignas como as verrugas ano-genitais, condilomas, as verrugas das
mãos e pés conhecidas por “cravos” e lesões do epitélio do colo do útero e da cavidade
orofaríngea. Infecções persistentes por estirpes de alto risco podem ser
responsáveis pelo cancro colo do útero (CCU), menos frequentemente cancro da
vulva, vagina, ânus e mais raramente o cancro laríngeo, orofaringe e boca. O
CCU é, assim, a patologia mais relevante relacionada com a infecção persistente
pelo HPV que evolui para formas invasivas.
70-75% dos casos de CCU estão
relacionados com infecção por HPV tipos 16 e 18. 90% dos condilomas estão
relacionados com infecção pelos genótipos 6 e 11.
A Infecção ano-genital por HPV é a
infecção de transmissão sexual mais comum. O vírus pode ser transmitido durante
o sexo vaginal, oral, anal ou durante o contacto íntimo entre indivíduos em que
pelo menos um esteja infectado. Tal como a maioria das DST a incidência é maior
em jovens na faixa dos 15-25 anos. Estima-se que cerca de 80% de indivíduos
sexualmente activos do sexo masculino e feminino sejam expostos ao HPV em
alguma altura das suas vidas.
Muitas lesões, como os condilomas,
são imperceptíveis pela sua localização e dimensões. Outras como as localizadas
no colo do útero, poderão não ser detectadas caso não se proceda ao seu rastreio
de forma regular.
O teste citológico do colo uterino,
a colpocitologia, é a forma de rastreio que permite identificar e tratar
precocemente as lesões precursoras do CCU. O teste do HPV-DNA possibilita a
caracterização genotípica do vírus e está recomendado perante alterações das
células do colo uterino presentes no rastreio, de forma a definir um plano de
vigilância e tratamento.
Não existe tratamento para a
infecção por HPV, mas para as lesões decorrentes. Este pode consistir na
destruição ou excisão dos tecidos afectados.
A vacina contra o HPV é a forma
mais eficaz de prevenção da infecção por HPV.
Ouras medidas preventivas são a
utilização do preservativo e a adopção de comportamentos sexuais saudáveis.
A vacinação universal contra o HPV tem
como objectivo a prevenção de infecções por este vírus e a diminuição a longo prazo
da incidência de cancro do colo uterino que é o 2º cancro mais comum nas
mulheres a nível mundial. Esta doença mata mais de 4,5/100000mulheres acima dos
15anos em Portugal (2005).
A Introdução desta vacina foi
aprovada em Portugal em 2008.
As vacinas existentes protegem contra
os subtipos que se sabem serem mais oncogénicos, ou seja que poderão causar o
cancro do colo uterino e também contra as estirpes responsáveis pelos
condilomas ano-genitais.
São comercializadas actualmente
vacinas contra os genótipos 16 e 18 (bivalente), 6,11,16,18 (tetravalente) e mais
recentemente 6,11,16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 (nonavalente). A produção é feita
a partir de partículas semelhantes à capsula do vírus (VLP) através de
tecnologia de DNA recombinante. Após a sua administração intra-muscular o
sistema imunitário do indivíduo reage produzindo anticorpos que neutralizam
estas partículas.
A vacina faz parte do plano
nacional de vacinação, sendo administrada a meninas entre os 12- 13 anos. A
vantagem da vacinação nestas idades prende-se com a menor probabilidade de prévia
exposição ao vÍrus e a uma maior de produção de anticorpos.
Estudos demonstram ser eficaz mesmo
quando administrada mais tarde. Pode ser recomendada em casos de lesão do colo
uterino previamente diagnosticada e tratada, na medida em que reduz a reinfecção,
previne infecção por outras estirpes, diminuindo a recorrência das lesões.
Recomendações actuais vão no
sentido da vacinação de rapazes, o que já integra o plano vacinal de alguns
países.
Vários estudos têm sido conduzidos
mundialmente de forma a garantir a segurança da vacina. Até à data não se
encontrou associação entre a vacina contra o HPV e eventos adversos
auto-imunes, neurológicos ou tromboembólicos.
Com uma boa adesão a esta vacina a
nível global poderemos, num futuro próximo, erradicar o cancro do colo do útero
e reduzir a incidência de outras neoplasias.
Dra Naiegal Pereira
Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
Hospital Beatriz Ângelo (Loures)
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